domingo, 26 de abril de 2015

Há 7 anos atrás...

Hoje já não vou mais precisar de olhar para esses olhos cheios de promessas em vão e dizer que acredito em ti, quando no fundo já nem em mim consigo acreditar. Já não quero mais acariciar o teu rosto, sentir o teu toque suave a procurar cada recanto do meu corpo ou provar o doce e amargo sabor da tua boca. Assim como vinhas, partias e eu sempre soube ver-te partir, sempre soube acenar-te mesmo sem que olhasses para trás e sempre soube dar-te o sorriso reconfortante, aquele que te permitia teres a certeza de que quando regressasses eu continuaria aqui, á tua espera. Muitas vezes partias sem avisar, tinhas-me como que em tua posse, e eu focava-me na tua ausência pois nela havia sempre uma possibilidade de voltares. Mas meu amor, com o passar do tempo tudo perde a intensidade e eu não sou de ferro. Da próxima vês que me vires, talvez não te volte a olhar nos olhos, talvez não te morda o lábio carinhosamente e talvez não me voltes a ouvir gemer enquanto o meu corpo se contorce e é entregue a ti, porque finalmente decidi que me quero libertar, tenho asas e quero voar, mas sozinha. Quem sabe se não nos encontramos outra vez, e quem sabe mesmo se não voltarei a dormir contigo, no teu carro ou na pensão mais rasca que nos aparecer à frente para que possamos matar o desejo que nunca deixaremos de sentir um pelo outro, talvez eu até te volte a entregar o meu corpo, mas nunca mais te entregarei a minha alma. E hoje, hoje não preciso que ninguém nos separe, não preciso que o tempo nos separe ou a distância, ou o orgulho, ou a morte porque eu própria me separo de ti.

23-08-2008

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